Inclusão Digital e a manutenção do sistema.

Muito se ouve falar em inclusão nesses dias e considero esse um avanço da nossa geração. É realmente necessário incluir...incluir nas políticas públicas, nos direitos e nas oportunidades. Incluir os que possuem necessidades especiais, os que tem todas as  diversas opções sexuais, os desfavorecidos economicamente, enfim...todos os que de alguma forma foram excluídos da sociedade por bastante tempo.
E quando falamos em Inclusão Digital, do que estamos falando exatamente?

Só é preciso incluir aqueles que estão/estavam excluídos. Fato. O ponto que quero discutir aqui é de que forma essa inclusão acontece e se de fato pode ser chamada assim.

Vamos pensar  na inclusão que acontece nas escolas com as pessoas que tem necessidades especiais. Matricular uma criança especial na escola pode ser considerado inclusão? Frequentar as aulas regularmente e estar presente fisicamente nas várias atividades propostas significa que essa criança foi incluída no processo de aprendizagem? Claro que não. Quantas experiências terríveis são vividas todos os dias por essas crianças e seus familiares que veem seus filhos serem submetidos a um ambiente que pode gerar ainda mais traumas e dores quando nao há um planejamento adequado e um rigoroso compromisso com a proposta pedagógica voltada para  esse público.

Da mesma forma acontece, na maioria dos casos, a inclusão digital.  Abrir um laboratório de informática com acesso (precário) à internet numa escola não pode nem de longe ser considerado uma inclusão.  Inclusão seria se cada aluno tivesse autonomia no manuseio das tecnologias. Se o acesso acontecesse da mesma forma que acontece nas Lan houses ou em suas casas. Se não houvesse um conjunto de normas e restrições que impossibilitam a descoberta, a criação e produção de conteúdos....se eles pudessem se apoderar , com a instrução e liberdade necessárias!

Do contrário, é mais do mesmo. São políticas implantadas apenas para dar uma "satisfação" a população e servir como base de campanhas políticas. É apenas a reprodução do sistema que vivemos que antes de tudo exclui, para depois buscar uma forma de incluir - quase sempre sem bons resultados, porque por trás do discurso está a intenção de manter o sistema funcionando como sempre.